terça-feira, 21 de agosto de 2018 - 14:49
Denit pode destruir locomotivas e vagões históricos de AraraquaraÓrgão do Governo Federal exige que Prefeitura assuma o patrimônio e retire da área dos trilhosDa reportagem | ACidadeON/Araraquara
Locomotiva elétrica V8 segue ao lado dos trilhos, no Melhado, aguardando por restauraçãoO Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) enviou na semana passada uma carta para a Prefeitura de Araraquara em que anuncia sua intenção em cancelar um Termo de Compromisso que a instituição firmou com o município. O documento garante que quatro composições ferroviárias, consideradas de grande valor histórico, não sejam consideradas sucatas e, consequentemente, sejam destruídas para 'limpar' a área dos trilhos.
A informação foi divulgada pelo gabinete do vereador Elias Chedieck (MDB), que acompanha o processo e que defende a preservação das estruturas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE O acordo salvaria uma locomotiva modelo GP-9L, nº 7005, antiga 1005 da EFA, uma locomotiva elétrica GE tipo V-8, nº 6377, da Cia. Paulista, um carro de passageiros do tipo primeira classe e um do tipo dormitório.
"A justificativa apresentada é a não retirada dos veículos pela Prefeitura até o momento", explica o vereador Elias Chediek, que lidera a batalha pela preservação do patrimônio ferroviário da cidade há quase 20 anos.
O consultor ferroviário Geraldo Virgilio Godoy, da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), explica que os exemplares têm um valor histórico inestimável: "A locomotiva GM 7005 modelo GP-9 da EFA, que já está tombada, fez a viagem inaugural da bitola larga da Araraquarense, quando o trem passou de tração a vapor para o diesel. O carro de passageiros FC 3034, da EFA também é tombado, foi o último carro de passageiros fabricado nas oficinas da EFA em Araraquara. A locomotiva elétrica GE tipo V8 6377, da Cia Paulista, fazia as viagens entre São Paulo e Araraquara. E o carro-dormitório em aço carbono QC 3620, também da Cia Paulista, encomendado à Middletown Car Company, da Pensilvânia, é o último remanescente da Paulista", detalha.
A Prefeitura já está em negociação com a Rumo Logística (empresa que administra a malha ferroviária) há muito tempo para realocar o material, pois não existe mais linha férrea compatível para deslocar esses veículos. "A empresa está estudando os meios e o material necessário para viabilizar a remoção. O DNIT nos surpreendeu com essa notícia bem no meio dos trabalhos", aponta o vereador.
A gerente Alessandra de Lima explica que a preservação das composições faz parte do projeto "Memória Ferroviária de Araraquara", que tem quatro fases. "Estamos na primeira fase, já protocolada na Prefeitura. Os trens não estão abandonados. Estamos providenciando com urgência uma resposta ao DNIT para evitar esse fato grave", informa ela.
"Quando a Fepasa fechou, o processo foi muito rápido e muito acervo histórico se perdeu. Seria um absurdo deixar acontecer o mesmo com esses veículos. A cidade exige que eles permaneçam no seu acervo ferroviário", conclui Chediek.
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